terça-feira, fevereiro 28

um manifesto (outro)

Igreja da Santa Cruzada do Caos Perpétuo (1)

Os irmãos reunidos em conclave decidiram transformar o anarquismo Luso. É isso - O nosso programa aponta para uma cada vez maior, uma cada vez maior, radicalização de atitudes.
Atenção companheiros:

1. Actuem conscientes de que o racismo psíquico veio substituir a discriminação aberta e é hoje um dos aspectos mais repugnantes da nossa sociedade.
2. Abandonem toda a pureza ideológica, abracem o anarquismo "tipo 3" (para utilizar a terminologia de Bob Black): -Nem colectivista nem individualista. Limpem os Templos, destruam os ídolos, desembaracem-se do velho, das relíquias e dos mártires.
3. O movimento anti trabalho ou "trabalho zero" é fundamental, incluindo o ataque radical e violento contra a educação e servidão das crianças.
4. Substituam as tácticas caducas de publicação/propaganda pela pornografia e o entretenimento popular como veículos de uma reeducação radical.
5. Na música a hegemonia do compasso 2/4 e 4/4 tem de ser combatida. Precisamos de uma nova música, totalmente disparatada. No entanto confirmadora de vida. Potente mas ritmicamente subtil. O mesmo combate deverá ser dirigido aos "performers" auto flageladores. Morte à arte da mutilação viva a arte portadora de vida e de liberdade! Necessitamos de uma nova estética. JÁ!
6. O anarquismo tem de se descartar do materialismo evangélico e do banal cientifismo bidimensional do século XIX. Os "estados mais elevados de consciência" não são mais meros fantasmas inventados por sacerdotes malvados. O oriente, o oculto, as culturas tribais possuem técnicas que podem ser assimiladas de maneira verdadeiramente anarquista. Sem "estados mais elevados de consciência", o anarquismo consome-se (dilui-se) e seca num queixoso lamento. Necessitamos de um tipo prático de "Anarquismo Místico", isento de toda a merda pseudo filosófica e do deslumbramento do "New Age" - Inexoravelmente herético e anti-clerical. Ávido de todas as novas tecnologias de consciência e metanóia, uma democratização do chamanismo, ébria e serena.
7. A sexualidade foi assaltada, obviamente pela direita, mais concretamente pela pseudo vanguarda da "pós sexualidade", e mais subtilmente pela recuperação espectacular nos media e publicidade. Chegou o momento da reafirmação explosiva do Eros Polimorfo, de uma glorificação literal dos sentidos - queremos uma doutrina de gozo. Abandonemos a vergonha e todo o ódio pelo mundo.
8. Ensaiemos novas tácticas para ocuparmos a caduca mentalidade de "esquerdas". Enfatizemos os benefícios práticos, materiais e pessoais na criação de redes radicais. Os tempos não são propícios para a violência ou combatividade (directa), mas com toda a certeza a sabotagem e a imaginação têm sempre lugar cativo no "espectáculo". Trama e conspira, não te acomodes nem te lamentes!... O mundo da arte, em particular, merece uma boa dose de "terrorismo poético".
9. A sociedade pós industrial trás algumas vantagens (p.ex.. criação de redes digitais) ainda que possa vir a manifestar-se mais opressiva. As comunas de 60 procuraram fazer frente às forças de opressão - fracassaram. Como podemos separar o conceito de espaço dos mecanismos de controlo? Os gangsters territoriais, as nações estado, meteram a mão no mapa mundo (inteiro). Quem inventará para nós uma cartografia de autonomia? Quem pode esboçar um mapa que inclua os nossos desejos?
O anarquismo implica em ultima instância a Anarquia - e a anarquia é caos. -Caos é o princípio da criação continua...
O CAOS não morreu.



(1) . a Igreja da Santa Cruzada do Caos Perpétuo é uma tribo que cresce... estamos a ocupar espaços de acção e em breve teremos o nosso TEMPLO. Propomos entre muitas outras coisas: "Trabalho Zero", boicote total a todos os produtos "Light" e "Fast Food".
Depois de um bom almoço acompanhado por bom vinho devemos repousar, olhar o Mar e construir poemas. O dia seguinte será ainda mais profícuo - a imaginação inunda a nossa mente, acordamos mais inteligentes -voltaremos a não fazer nada mais do que qualquer super homem pede.

terça-feira, fevereiro 21

à margem



tenho um atrelado num velho circo -----> cansado de deambular de subúrbio em subúrbio. 
eu sou o homem bomba
e
apresento-me em tudo o que é lugar
sei 
porque atravesso as entranhas
as almas
porque conheço segredos & medos
porque sou o que vislumbra demónios e deuses
porque tenho uma fé inabalável nas minhas visões de revolta
porque...
percorro
ruas
horas
luzes
ausências
e
boleros de brel....
.............................
vagueio cemitérios
e
recordo vidas
.......................................
.......................................
dentro da carne navega um velho sonho
.......................................
............................ depois
.......................................
.......................................
morro sempre em mil sabores
porque...
sou o filho rebelde da superstição
e
leio nas cartas todos os futuros

au revoir

sexta-feira, fevereiro 17

capítulo II - do conhecimento (nosso)

¡¡plof!!...
escutámos este leve som à nossa direita
torcemos a vista para o lado
e
comprovámos como deslizava...
tratava-se de uma matéria embranquecida e viscosa em forma de fumo
olhámos, agora, para ambos os lados - circunspectos
e
assegurando-nos de que ninguém se deu conta do fenómeno...

boquiabertos ficámos ao vislumbrar como sobrevoava, o nosso espaço, um grande e imaculado albatroz descolado de seus companheiros que migravam rumo a neptuno
o senhor lagarto disse então:
- Sólo le faltó, al estúpido animal, soltar una gran carcajada y señalar con un ala...
e
não mais disse.
porque não era permitido que as orelhas dos não iniciados o ouvissem


mas nós...
estamos longe
muito longe
de pertencermos a essa classe a que - alguns - chamam excêntricos

somos portadores - isso sim - de uma lucidez sem limites
somos deuses

aprendemos isso nos velhos livros
logo...
somos os portadores da ciência antiga
e
cultivamos uma retórica muito própria

com os velhos sábios aprendemos todos estes - muitos - segredos
e
tendo em conta tudo isso
aceitámos com alegria
o niilismo
e
a negação do todo - e do tudo...

nosso inferno é azul
e
com essa cor equipámos a grande orde que enfrentará - num evento desportivo - o exército dos anjos, dos incubos e dos sucubos que os homens criaram

acreditamos,  no entanto, no poder dos sentidos
nas nossas capacidades de fabricar génios e loucos

o nosso mestre era portador de uma visão
e
foi devorado por ela

o nada

com ele nos iniciámos no ilusionismo
e
outras sensações que os homens não aceitam
e
muito menos reconhecem.
a sua loucura deu-nos a conhecer a lucidez e a desesperança

apesar de tudo...
aqui estamos para revelar outros pensamentos
e
decifrar os vossos sonhos
e
se o quiserem -----> adivinhar futuros


sábado, fevereiro 11

capítulo II - da sociedade discordiana

a neblina roça na vidraça
na vidraça esfregas o focinho
e
as espáduas.
a língua resvala nas esquinas do crepúsculo
e
pousa (em seguida) nas poças aninhadas na sarjeta.
deixei cair sobre o teu dorso a fuligem das chaminés...
... nessa hora, as casas estavam adormecidas

“a sociedade discordiana é maior organização do-que-seja-lá-o-que-fazemos”
disse o Bispo Randomfactor



quem é o Bispo Randomfactor?
não o sabemos. mas ele disse. e se o disse....
nós acreditamos.
mais: - achámos que certo é.
seguindo este raciocínio, podemos afirmar que o discordianismo é uma espécie de zen ocidental.
somos, pois, uma desreligião desorganizada cujos fieis estão mais preocupados em confundir que explicar... não há que explicar. nada. absolutamente nada
e
não nos venham com teses... não as aceitamos
e
ponto final.

o que é mesmo certo é que - no tempo dos gregos - já lá vai muito ano...
não convidaram ÉRIS, a deusa do caos e da discórdia, para uma festa.
então ela lançou uma maçã onde se lia - traduzindo do grego -----> “para a mais bela”
e
a confusão foi geral...
e porquê?
porque as deusas presentes se consideravam (cada uma delas) "a mais bela".
daí a guerra de tróia

muito mais tarde. mas muito mais.
lá para os fins dos anos 50 do século que se finou há uns anos - um grupo de adeptos (da deusa) re~ligou e a comunidade espiritual re-surgiu. ... o discordianismo voltou a vingar e... aqui estamos.
há, no entanto, neófitos que acham que o discordianismo é tão só uma gracinha.
mas não
nada menos acertado
o nosso objectivo é - mesmo - uma "operação mindfuck" - ou seja:... uma jihad discordiana. uma jihad que implicará o implante de ideias nas mentes dos seus seguidores. melhor:... uma jihad que provocará a confusão das mentes de forma a que a iluminação seja alcançada - logo é errado ter certezas. sobretudo certezas absolutas.
nós, os discordianos, acreditamos piamente na  lei dos cinco (cinco dedos da deusa)
e
como será óbvio, no número sagrado -----> o 23, porque (2+3=5)
também temos um livro sagrado -----> o "Principia Discórdia". nele (livro) poderemos confrontar-nos com as mais nefastas e terríveis VERDADES. (poderão consultar esse livro aqui - mas não o façam, é perigoso. muito).



sexta-feira, fevereiro 10

parábola dum funcionário público cansado & aposentado


tenho andado às voltas (agora na minha qualidade de técnico superior de gestão de tempos de laser) para me sentar e caligrafar umas letrinhas aos amigos e amigas que deixei noutros campos de labuta pró-fissional.
é óbvio (ou óbvio será) que as vontades são poucas
e
o tempo anda sempre a contratempo
o que me tem impedido de assentar arraiais frente ao meu querido computador
e
dar voz ao que da alma me vem.
só isso.

entrementes
apercebi-me que não sei já como me dirigir aos ex-colegas numa primeira linha
então resolvi ir a pé
e
até
um café
lá para os lados rossio
e
aí - só aí - concluí que o melhor seria iniciar a minha mensagem da forma que se segue:

companheiras & companheiros
camaradas & camarados
amigas & amigos
ex-colegas & ex-colegos


aqui estou eu
cheio de pica para continuar a não trabalhar
e
para vos desejar um carnaval cheio de tolerâncias de ponto.
aqui estou eu
aquele que deixou tudo num verdadeiro kaos devido à sua grande incompetência
a escrever-vos nestas horas de grande kaos económico
com um único objectivo:...
dizer-vos que mui estou arrependido de vos ter deixado essa batata-quente & kaótica nas vossas mãos
não mais
nem menos que isso.
mas como compreenderão o meo (ou será meu?) kaos é salutar
um verdadeiro desafio aos vindouros
o cumprimento rigoroso das escrituras - lembremo-nos que no princípio era o kaos e só depois se fez luz
e
o grande arquitecto tudo fez em 6 dias e 6 noutes
e
ao 7º dia
descansou pela eternidade dentro - não mais fez.
pontualmente (o grande arquitecto) lá enviava os seus anjos junto dos néscios
apenas para que (através de fórmulas pedagógicas) os néscios se tornassem mais espertos
e
eventualmente sábios (mas tanto não seria exigido - nunca o grão mestre o exigiu)
precisamente
e
com esta parábola me quedo
e
não mais direi até que a luz se faça sentir no horizonte
e
como diria a grande deusa
"a vida são dois dias e o carnaval apenas três"
aproveitemos!...
e
já!...
que os carnavais estão à porta

muitos beijinhos a todos & a todas nestas vésperas....

terça-feira, fevereiro 7

da neo-teologia (referências)

sempre nos disseram
e
nós julgávamos que sim - ... que para se ser papa é preciso ter muitos anéis nos dedos, vestir rendas (muitas rendas) e, nos pés, uns lindos sapatinhos vermelhos da prada.
é isso...!

e
estávamos convencidos porque: "si non è vero è ben trovato".
claro...
mas nada mais falso.
ainda que nos tenhamos precavido
e
tudo adquirido - a preço de saldo...
é evidente.
e
como é sabido - já somos, há muito, papa - faltava-nos, contudo, os adereços. apenas isso.
os adereços.
pronto!...
uma vez com anéis, rendas aplicadas num saiote branco (acetinado) e uns lindos sapatinhos (comprados aos ciganos no mercado da nossa cidade), lá fomos presidir à cerimónia ritual do templo.
fiéis, sacerdotes, bispos e demais corpo litúrgico ruíam-se de inveja à nossa passagem - acontece também entre os nossos irmãos (essa coisa da inveja).
e
então com a crise que grassa por estes lados...

bom...
fomos ao templo
e

preparámos tudo.
parecerá, até, absurdo... mais...; quem nos ler (se é que há quem nos leia), acusar-nos-à - por certo - de plágio.
mas não.
aqui não há plágios. nunca.
somos mui respeitadores das normas e dos direitos de autor.
cumprimos com todo o rigor os ritos burocráticos em jogo nestas coisas da escrita
e
só publicamos originais qb. não mais.

passemos à narrativa, porque o tempo é escasso e o espaço do blog limitado.

presidimos à cerimónia. uma cerimónia absoluta...
e
elogiada como "obra de arte total".
uma espécie de um "não vai mais" da inter-relação grupal.
um magma de fluxos, bits, pixels e pulsações electro-magnéticas muito próximos de uma cultura-esponja a cujo interior se pode aceder até pelos poros
uma cultura que, uma vez dentro, dificilmente se sai
uma nova configuração do mundo onde, como é natural, não há hierarquias
e
tão pouco pretensões a isso...
onde todos se relacionam com todos - como um todo (um pouco como na bíblia e no facebook).

então...
tivemos uma visão aprofundada de sírios. quase tão fiel quanto no "google earth".
é...
o nosso acto cerimonial conseguiu a mimésis simulacral mediante uma visão da realidade icrónica.
isso...!
inútil será pôr ordem neste rito
uma vez que o seu modelo é o de um grande motor de busca.
e
como é sabido por todos
os motores de busca não nos informam de forma ordenada e racional. antes estabelecem não-hierarquias processuais em função da frequência e acesso à rede.
a nossa comunidade religiosa é uma rede.
e
assim o fiel não tem outro remédio que aceitar a desordem na abordagem puramente episódica do tema dos nossos sermões
e
dedicar-se ao recurso das largas passagens do discurso teológico.
isto é a verdade.
sobretudo...
quando são citados temas filosóficos sobre a postura dos crentes ou quando, simplesmente, se glosam temas científicos, semióticos, poéticos e outras narrativas afins.

temos de estar disponíveis para tirar partido dos links e da comunicação visual cibernética.
ah pois...!
e
também explorar as vantagens das redes sociais gozar a instantaneidade do tempo e espaço virtuais deslocalizados dos componentes computadorizados móveis.
isso!
quê? não perceberam?...
olhem que nós também não.
mas...

não nos acham - pelo menos - simpáticos?


sexta-feira, fevereiro 3

capítulo I - dos sonhos lúcidos


é
isso
camomila
em água fervente


já sei o que quer dizer queimar





nessa noite o sono estava de cócoras coçando a virilha
debaixo dos cobertores
e
suava...
a virilha é húmida mas passando-se a mão de forma enérgica
vem aquela sensação de prazer violento
desagradável
e
depois
por entre os dedos...
aperta-se delicadamente os testículos e sente-se algo peludo
e
comete-se o pecado.


começava assim o último dos contos que escreveu. depois, morreu e ninguém soube o que vinha a seguir.
mas sim. era um belo conto o que germinava na cabeça do mestre.
um belo conto.
sabemos que o era, porque lemos os seus pensamentos na hora da morte.
soubemos que havia mais personagens para além do sono que se apresentava de cócoras.
havia um jovem desprevenido
havia uma senhora dos seus cinquenta aninhos bem vividos - quando jovem deve ter sido...
ah!... ela tinha duas filhas que se envolveram com o jovem e um filho que se converteu ao discordianismo depois de ter lido as teses de Alfred Jarry sobre patafísica.
e mais umas revelações sobre 3 primos gémeos
e
sobre um avô que ergueu os olhos ao céu, viu a deusa éris e gritou:
- senhora, ainda estamos aqui...!
e...

não. essas revelações não são revelações ou talvez o sejam. mesmo. porque a vida tem altos e baixos.


bolas...!
esta manhã...
ou foi ontem?...
não. já foi há muito.
há dez anos atrás...
precisamente.
a minha cara no espelho não era minha. era de uma bela mulher
e
à sua frente - à frente do belo rosto - pairava uma maçã que se dividiu em duas metades...
duas metades (foi primeiro)
depois...
cada metade se dividiu em outras duas...
já eram 4 quartos de maçã, frente ao rosto, quando uma segunda maçã (esta inteira) se precipitou lá do alto
e
ao tocar nos quartos da primeira maçã
tudo se transformou.
5 maçãs pairavam agora frente ao rosto da jovem mulher
e
o rosto era já o meu...
então gritei: - porra!... posso resistir a tudo, menos às tentações. vou fugir!... não entendo nada disto.

bom.
peço imensa desculpa, mas... vou ficar por aqui. não escrevo mais nada hoje
e

o blog que se lixe!