domingo, janeiro 29

capítulo I - revelação do lagarto


está na hora de destruir os calendários...!
porque a maçã d'ouro
é
não mais que a maçã d'ouro




REVELAÇÃO

estamos no deserto...
todas as revelações são no deserto porque o deserto é o deserto e não mais que o deserto.
e
é no deserto que nos é revelado o segredo...
e
o segredo é secreto - issimo/secretíssimo.
 

o fim do mundo é inevitável!

- toma lá dois sacos de linho!...
disse-nos um lagarto. mas atenção...! não era um lagarto qualquer. era um lagarto da longínqua constelação de sírios -----> para vossa informação a constelação de sírios é a constelação eleita para toda e, qualquer revelação neo religiosa (aqui caberia um parêntesis explicativo da coisa mística - um parêntesis que não incluímos por desnecessário, uma vez que os nossos leitores são - todos - iniciados).


estás, desde já, convidado para participar nas comemorações. o fim do mundo é inevitável!

bom...
- e para que quero, eu, dois sacos de linho?
ao responder assim, obtive uma resposta do lagarto que soou com toda a perplexidade possível ----> o lagarto parecia indignado...
- não sabes? não percebes?...

e
esta resposta do sr. lagarto foi como um foco de luz que iluminou o meu espírito. vislumbrei tudo. e tudo se tornou mais claro. mais lógico. mais...
e foi nesse momento que tudo entendi e me tornei um verdadeiro neo crente
e
percebi a diferença entre neo crente e neo ateu.
precisamente...

> o fim do mundo é inevitável! <

a partir desse momento histórico mergulhei a fundo no conhecimento
e
em poucos segundos, alcancei o nirvana

o dia-K, o sagrado dia - será assinalado pelo regresso das naves
e
para que a profecia se  cumpra...

desnecessário dizer que, como será lógico, não mais fui o mesmo. peguei a minha bicicleta e pedalei como jamais o tinha feito.

nada farás!... o mundo vai entrar em colapso. não. nada poderás fazer contra as previsões do mestre. escusas de ir trabalhar. fica em casa a assistir à derrocada final!... hoje mesmo, passeia-te nu pelos jardins da tua cidade. caga nos corredores do super-mercado e solta gargalhadas a despropósito.

o mestre traçou um círculo no chão e bebeu o seu chá de mandrágora... foi quando surgiu o espírito que lhe perguntou:
- que me queres?
e o mestre estendeu a sua voz que soou como relógios de sol
- revela-me a verdade.
e assim foi... o espírito tirou do bolso o telefone e dialogou - por instantes - com o homem de negro. (aqui abriríamos um novo parêntesis para explicar quem é o homem de negro. não o faremos. porquê? porque sim.)

- alô!?
- oi!... que me queres?
- está aqui um mestre que quer uma verdade revelada...
- ah!...
- que lhe digo?... revelo?
- pergunta-lhe se comeu um cachorro quente.
- olha lá!... o chefe está a perguntar se comeste um cachorro quente?
o mestre olhou os céus e respondeu:...
- não. nunca!
e o espírito lançou a sua voz para o telefone:
- ele diz que nunca.
- muito bem.
- que faço agora?...
perguntou o espírito ao homem de negro. e o homem de negro só disse:
- revela.
- ok!...
disse o espírito.
e
dirigindo-se ao mestre, dissertou: - ouve meu caro... no princípio era o kaos e do kaos nasceu a luz e a luz era - mesmo - um espanto. um delicioso espanto. só depois vieram as máquinas e os pasteis de bacalhau. o grão supremo provou os pastéis e disse: - são bons.
e os homens comeram dos pasteis.
mas atenção:... quem não apresentar o cartão de membro da nossa ordem, perecerá na grande catástrofe. ou provavelmente não.
mais tarde, muito mais tarde é que veio a tarte de maçã
e
os homens ao vê-la tão redonda, inventaram a roda e, em seguida, a bicicleta e o carro eléctrico


foi depois disto que o mestre reflectiu e escreveu no grande livro sacro.


o mundo está a dar o peido final. aproximam-se já as naves que nos levarão para outras galáxias... que as festas sejam festejadas!
caminhemos pelo deserto como répteis
e
só assim dialogaremos com o sr. lagarto.
comamos coisas exóticas com ferramentas estranhas
e
distribuamos poemas apocalípticos de porta em porta.


recusa-te a ser normal!

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