quinta-feira, janeiro 12

capítulo I da iniciação




- “e então!?...”
disse eu com toda a alegria que guardava na alma. 
e...
lá fomos nós recomeçar exactamente como antes. precisamente. recomeçar tudo como antes...
não é possível?
é?...
consideremos, então, que tudo voltou à estaca zero e que a discórdia não passou por aqui.
- quê? que queres dizer com esse recomeçar tudo? perguntou alguém e eu só respondi como era obrigação de um futuro representante do divino.
- que em casa passei uma noite insone enquanto ela me acariciava a cabeça. eu, sentia-me um adúltero... foi nessa altura que resolvi lançar-me na maior aventura de sempre e aderi à minha nova ordem.
- que ordem?
... a grande ordem. a da "igreja dos últimos dias do santo adultério". isso.
tomei numa mão a grande vara, na outra o cálice sagrado 
e... 
estava pronto para mais uma etapa da minha vida terrena.
fui a fundo na iniciação.
o mestre porteiro gritou lá de dentro do templo:
- quem és?
e eu só disse:
- eu sou...!
não fiz mais nada.
 
... o belo é ter amado, dizia cá para comigo. estava a recordar que amara a grande deusa e, ao amar esse ser supremo... apaixonei-me como nunca pela discórdia. é isso.
há quem viva de uma única recordação...

fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!...fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!... fnord!...

pensar ter amado e não lembrar...
pior ainda
ter amado e talvez não lembrar...
ou
sofrer a suspeição de não ter amado (?)
e
eu, loucamente apaixonado.

depois dessa histórica iniciação, essa minha entrada nas trevas do conhecimento comi um cachorro quente e dialoguei com a deusa - ela coloca-me no meu lugar
com gentileza
doçura
nobreza
e
firmeza
depois é que faz uma pausa e me diz:
 - cavalheiro...! a partir de hoje conto consigo para a construção e proliferação de templos dedicados a mim e minha filha dismónia.

apenas um promenor: éris, nesse dia, deu-me a conhecer a sua morada e, como se nada tivesse acontecido, lá se foi embora. foi nesse momento que me apercebi que o tempo parara e que estava de novo a comer o meu cachorro quente.
fui, então, ao frigorífico e retirei de lá uma cerveja... 
não sou muito apreciador desse tipo de bebida, mas com um cachorro quente...


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